terça-feira, 4 de junho de 2013

texto: Onde já se viu?


Texto:  Onde já se viu?    Tatiana Belinky
  " Uma tarde de inverno, estava eu lá, na Rua Barão de Itapetininga, mexendo nas estantes de uma livraria. (Não consigo passar por uma sem entrar pra fuçar no meio dos livros. Desde que eu tinha quatro anos de idade - o que já faz muito tempo - livro para mim é a coisa mais gostosa do mundo. A gente nunca sabe que surpresa vai encontrar entre duas capas. Pode ser coisa de boniteza, ou de tristeza, ou de poesia, ou de risada, ou de susto, sei lá. Um livro é sempre uma aventura, vale a pena tentar!)
   Pois bem, estava eu ali, muito entretida, examinando os livros, quando de repente senti que alguém me puxava pela manga. Olhei para baixo e vi um menino - um garotinho de uns nove ou dez anos, magrelo, sujinho, de roupa esfarrapada e pé no chão. Uma dessas crianças que andam largadas pelas ruas da cidade, pedindo esmola. Ou, no melhor dos casos, vendendo colchetes ou dropes, essas coisas. Eu já ia abrindo a bolsa para livrar-me logo dele, quando o garoto disse:
   - Escuta, dona (Naquele tempo, ninguém chamava a gente de tia: tia era só a irmã do pai ou da mãe.)
   - O quê? - perguntei. - O que você quer?
   - Eu... dona, me compra um livro? - disse ele baixinho, meio com medo.
   Dizer que fiquei surpresa é pouco. O jeito do menino era de quem precisava de comida, de roupa, isso sim. Duvidei do que ouvira:
   - Você não prefere algum dinheiro? - perguntei.
   - Não, dona - disse o garoto, mais animado, olhando-me agora bem nos olhos. - Eu quero um livro. Me compra um livro?
    Meu coração começou a bater forte.
   - Escolha o livro que você quiser - falei.
   As pessoas na livraria começaram a observar a cena, incrédulas e curiosas. O menino já estava junto à prateleira, examinando ora um ora outro livro, todo excitado. Um vendedor se aproximou, meio desconfiado, com cara de querer intervir:
   - Deixe o menino escolher um livro - falei. - Eu pago.
   As pessoas em volta me olhavam admiradas. Onde já se viu alguém comprar um livro para um molequinho maltrapilho daqueles?
   Pois vou lhes contar: foi exatamente o que se viu naquela tarde, naquela livraria. O menino acabou se decidindo por um livro de aventuras, nem me lembro qual. Mas me lembro bem da minha emoção quando lhe entreguei o volume e vi seus olhinhos brilhando ao me dizer um apressado "obrigada, dona!" antes de sair em disparada abraçando o livro apertado ao peito.
   Quanto aos meus próprios olhos, estes se embaçaram estranhamente, quando pensei comigo: "Tanta criança rica não sabe o que perde, não lendo, e este pobre menino - que certamente não era um pobre menino - sabe o valor que tem essa maravilha que se chama livro!"
   Isso aconteceu à vários anos. Bem que eu gostaria de saber o que foi feito daquele menino
...
                                                                                                                                                                                                              

12 comentários:

  1. Que linda essa história!!!É, realmente quantas crianças ainda não descobriram o valor de um livro!Como a narradora, também gostaria de saber o que aconteceu com aquele menino!!!Bjs!

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    1. é mesmo, eu tambem queria descobrir oque aconteceu

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  2. Amei trabalho com criancas no Céu e sei o quanto elas gostam de livro me vi ali comprando o livro para ele parabens, conheci esta estória pela minha filha que tem 11anos esta na sexta série e a professora pediu esse livro para trabalhar

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    1. Por causa de pessoas preguiçosas é que o país está do jeito que está...

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    2. Deveria ler mais... para aprender a escrever corretamente.

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  4. Amei a historia vim pesquisa pois esse texto esta no livro APROVA BRASIL PE,mim emocionei lendo esse texto

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  5. 👏👏👏Amei agora so vou estudar Este texto ta de parabéns o ator

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    1. Onde já se viu uma criança maltrapilha que está aparentemente com fome pedir um livro ao invés de comida, por exemplo.

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  7. Amei encontrei esse livro no site em que estava navegando e percebi que estava escrito em português aí traduzi para o alemão e me emocionei.

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